sexta-feira, 9 de julho de 2010

A História cultural como prática e método de pesquisa.

A historiografia regional da Amazônia do início do século XX é marcada consideravelmente pela influência tardia do chamado Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, o que pode ser observado nos traços das obras de alguns célebres representantes desta matriz historiográfica com fortes concepções positivistas.

Geraldo Coelho, na obra História e Identidade Cultural na Amazôniaafirma que: (...) a historiografia que se produziu até recentemente, seguiu bem de perto o modelo oitocentista criado pelo Instituto Histórico Geográfico Brasileiro. Pesquisadores e historiadores regionais, ou autodidatas ou formados em áreas do saber que não a história, seguiram os passos dos pais fundadores da historiografia brasileira contemporânea" (p. 182).

Em relação a chamada historiografia brasileira contemporânea, Davi Leal, em artigo recente destaca que a partir da década de 1970 esta passa por profundas transformações por conta do aumento da produção acadêmica e da influência de novos pressupostos teóricos e metodológicos (Leal, p. 218).

Pesavento (1995) afirma que a história apresenta-se como uma possibilidade entre outras de captar o passado. Em termos de análises teórico-metodológicos compreendemos que a História vive hoje uma forte influência por parte da chamada Nova História Cultural.

Esta história cultural, segundo Pesavento (1995) pode ser entendida como um desdobramento da história social e esta última é apresentada como herdeira da tradição historiográfica inglesa (principalmente Thompson e Chirstopher Hill), francesa (com o grupo da Nova História com Roger Chartier, Jacques Lê Goff entre outros).

Pesavento (1995) alerta ainda que o elemento catalisador do pensamento contemporâneo são os debates em torno da chamada história cultural, principalmente os relacionados ao sistema de idéias-imagens que dão suporte ao imaginário social.A autora entende a história cultural como uma nova abordagem ou um novo olhar que se apóia sobre análises já realizadas.

Retomando o pensamento de Davi Leal (2007) a respeito da historiografia regional na Amazônia observamos que o autor afirma existir nesta que o mesmo denomina de "Nova Historiografia" novos conceitos e a reformulação de velhos termos. Segundo Leal (2007): "Os estudos que aproximam a história da antropologia se mostraram profícuos, o conceito de cultura, cultura popular, circularidade cultural, a percepção da resistência para além dos aspectos físicos, mas englobando o nível simbólico, permitiram ao historiador explorar novos objetos de pesquisa" (p. 219).

Pesavento (1995) afirma que a tarefa do historiador é justamente utilizar-se de conceitos como instrumento para interrogar o mundo. Esta nova postura do historiador coloca a cultura como uma “instância central” na medida em que a partir desta nova tendência historiográfica a cultura aborda os sistemas de idéias, símbolos e imagens de representação coletiva. Este conjunto é denominado por Pesavento como “imaginário social” (p. 280).

“(...) a tarefa do historiador seria captar a pluralidade dos sentidos e resgatar a construção de significados que preside o que se chamaria de ‘representação do mundo’” (Pesavento, 1995: p. 280)

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